sexta-feira, outubro 11, 2013



AMAR A DEUS
A vida é, muitas vezes, dura, fatigante, impiedosa. Todos já sentimos o gosto amargo de acontecimentos desconcertantes e desagradáveis.
Foram palavras sarcásticas proferidas por alguém; foram traições praticadas por pessoas queridas; foram ingratidões, calúnias, agressões; foram injustiças; foram instantes que nos fizeram desconfiar da presença Divina na nossa vida.
É verdade que tudo isso arrasa o nosso coração. E é verdade também que não podemos elevar as nossas mãos numa prece ao Alto, se no nosso íntimo nos sentimos insatisfeitos e revoltados pelo que acontece connosco.  Deus só escuta as palavras sinceras, os seus ouvidos só estão sintonizados na frequência do amor, da verdade, das virtudes.
Precisamos examinar muito bem os motivos do nosso descontentamento para que possamos superá-lo, e só então afirmamos com honestidade que a Justiça Divina não se engana.

Cada pessoa trava a sua guerra particular, por isso estamos muitas vezes a culpar a Deus pelos nossos deslizes, as nossas fraquezas, as nossas limitações. Culpamo-lo por tudo o que acontece de errado na nossa vida. Tomamos Deus como se fosse a principal causa de nossa infelicidade. E ainda mentimos! Quando fazemos preces, dizemos que estamos gratos por tudo o que nos foi oferecido durante o dia, a noite, o ano... Quando, na verdade, na maior parte das vezes, rebelamo-nos, irritamo-nos, desconfiamos e blasfemamos, dando todas as provas possíveis de ingratidão!
Para sermos sinceros para com Deus, precisamos primeiro aprender a sermos sinceros para
connosco. Para Deus não é tão grave que O odiemos ou que queiramos lutar contra os Seus
desígnios.

Para Ele, o pior é que tentemos enganar-nos a nós mesmos.
O homem que imagina odiar a Deus, está tão somente a demonstrar a falta enorme que sente Dele. Porém, aquele que louva a Deus nos dias bons e o recrimina nos dias difíceis, é vítima de uma ilusão ainda mais terrível.
 
A fé não é um ornamento para ser ostentado nos dias de bonança. É sim um sustentáculo para os períodos escassos.  Se não estivermos inteiramente convencidos de que Deus é infinitamente Bom para connosco, e de que Ele deseja o nosso bem e a nossa felicidade, será impossível amá-Lo. É preciso que não tenhamos receio de afirmar: “Seja feita a Tua vontade!”. Pois é fundamental que acreditemos que a vontade de Deus nos é sempre favorável. Só assim O poderemos amar!
É duro admitir que somos imperfeitos e que Deus é perfeição total.
E é ainda mais difícil reconhecer que cada erro e cada dor não é culpa de Deus. Mas mesmo assim continuamos a afirmar a sua culpa. Se é verdade que cada homem luta contra Deus, o místico é aquele que se deixou vencer por Ele. Porque feliz só é quem se deixa vencer por Deus. O destino sublime de todas as criaturas é amar perfeitamente a Deus. O amor a Deus pode dar-se de maneiras diferentes na vida de cada pessoa.
Ele pode traduzir-se no amor do marido pela sua mulher; no amor devotado de um amigo para com outro; na dedicação pelos mais necessitados; no cuidado para com a natureza; no respeito para com os direitos dos semelhantes à vida, à dignidade e à liberdade de pensamento.
Todo amor, se for sincero e intenso, conduz a Deus. Porque Ele, que é Humilde e Paciente, espera que cada um O descubra espontaneamente na mais forte alegria do seu próprio coração... Apenas no âmbito de nossos sentimentos mais autênticos podemos descobrir Deus. Por isso, não nos surpreendamos quando constatarmos um dia que, acima de tudo o que nos é mais querido, foi sempre a Deus que amamos mesmo sem saber... LMC

 





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