segunda-feira, agosto 31, 2015

PARA OS LEITORES REFLETIREM

Fernando Savater: "Os professores estão abandonados"

O desenvolvimento humano de uma sociedade pode ser medido por meio de dois fatores: o tratamento dispensado aos prisioneiros e aquele dado aos professores, em especial aos do ensino fundamental. É o que defende o professor de ética da Faculdade de Filosofia da Universidade de Madri, Fernando Savater. O filósofo espanhol escolheu a segunda vertente para dedicar a sua reflexão intelectual, dada a escassez de pesquisas sobre o tema. E tenta fazê-lo de maneira inovadora: não só busca distinguir causas e efeitos da atual crise educacional em todos os âmbitos sociais, como também indica novas vias para superá-la e conclama políticos, professores e, sobretudo, os próprios jovens a discutir e participar plenamente dessa reflexão. Dessa forma, acredita, cada um poderá oferecer sua contribuição, a partir do papel que desempenha no processo educativo. Em livros como Desperta e Lê (Martins Fontes), O Valor de Educar, Ética para meu Filho e Política para meu Filho (os três editados pela Planeta Brasil), Savater se dirige diretamente aos protagonistas da educação, com eles compartilhando perplexidades e esperanças. À cátedra, Savater agora acrescentou o palanque - tarefa que consome a maior parte do seu tempo - na lida para a formação do Partido União, Progresso e Democracia. A política, aliás, é um de seus temas prediletos, que utiliza para uma redefinição dos valores da democracia contemporânea em termos de pluralismo e tolerância, principalmente diante dos desafios que a imigração, clandestina ou não, apresenta hoje aos europeus em geral. Entre um telefonema e outro, Fernando Savater concedeu a presente entrevista a Bianca Fraccalvieri. Nela, esclarece algumas de suas teses e trata das principais dificuldades que a arte de educar impõe.