PARA OS LEITORES REFLETIREM
Fernando Savater: "Os professores estão abandonados"
O
desenvolvimento humano de uma sociedade pode ser medido por meio de dois
fatores: o tratamento dispensado aos prisioneiros e aquele dado aos
professores, em especial aos do ensino fundamental. É o que defende o professor
de ética da Faculdade de Filosofia da Universidade de Madri, Fernando Savater.
O filósofo espanhol escolheu a segunda vertente para dedicar a sua reflexão
intelectual, dada a escassez de pesquisas sobre o tema. E tenta fazê-lo de maneira
inovadora: não só busca distinguir causas e efeitos da atual crise educacional
em todos os âmbitos sociais, como também indica novas vias para superá-la e
conclama políticos, professores e, sobretudo, os próprios jovens a discutir e
participar plenamente dessa reflexão. Dessa forma, acredita, cada um poderá
oferecer sua contribuição, a partir do papel que desempenha no processo
educativo. Em livros como Desperta e Lê (Martins Fontes), O Valor de Educar,
Ética para meu Filho e Política para meu Filho (os três editados pela Planeta
Brasil), Savater se dirige diretamente aos protagonistas da educação, com eles
compartilhando perplexidades e esperanças. À cátedra, Savater agora acrescentou
o palanque - tarefa que consome a maior parte do seu tempo - na lida para a
formação do Partido União, Progresso e Democracia. A política, aliás, é um de
seus temas prediletos, que utiliza para uma redefinição dos valores da
democracia contemporânea em termos de pluralismo e tolerância, principalmente
diante dos desafios que a imigração, clandestina ou não, apresenta hoje aos
europeus em geral. Entre um telefonema e outro, Fernando Savater concedeu a
presente entrevista a Bianca Fraccalvieri. Nela, esclarece algumas de suas
teses e trata das principais dificuldades que a arte de educar impõe.