SOBRE
A VIDA, AMOR E A SOLIDÃO
“São os sentimentos e as atitudes que promovem
a ajuda, quando expressos, e não as opiniões ou os julgamentos que fazemos sobre
a outra pessoa”. Carl
Rogers
Sem vida não há ser, sem amor a vida torna-se apenas um lamento amargo
existencial e sem compreender a solidão como uma necessidade de encontro
silencioso a vida perde o seu sentido.
O ser humano vive a ânsia da vida. Num momento sonha em viver ansiosamente
no presente como se fosse perdê-lo. Em outros momentos é escravo do desejo do
futuro e esquece que não tem como garantir o amanhã, a não ser esperá-lo
pacientemente, serenamente. Estamos a viver uma crise existencial que se
repete, entre a ansiedade motivada pelo medo, insegurança e cobrança de todo o
tipo de coisas e por um sentimento colectivo de vazio, de solidão, sentir-se só
no meio da multidão.
Tudo na nossa vida e na natureza há um sentido sábio, é preciso que
passemos a ver com outros olhos aquilo que aparentemente não estamos a
conseguir ver devido aos condicionalismos provocados pela normose (normas,
crenças e valores sociais que causam angústia e podem ser fatais). Tudo na vida tem razão de ser, uma lógica,
um motivo, mas, nem sempre o percebemos. Isso é o óbvio, o génio percebe o óbvio
e consegue produzir coisas fantásticas, enquanto que o neurótico não percebe.
O ser humano necessita de um cuidado especial, diferente das máquinas, dos
equipamentos tecnológicas… O ser humano vive um eterno conflito entre o desejo
de voar e o medo de tirar os pés do chão. O medo de ser alguém que vai
incomodar muita gente e o Zé-ninguém desconhecido, que anda deambulando pela
vida sem se importar de nada, nem de ninguém.
Leonardo Boff diz: o ser humano é um ser de desejos, incansável,
queremos tudo, queremos viver para sempre, somos protestantes, protestamos
contra tudo e todos. Não conseguimos silenciar e acalmar a nossa mente que vive
numa turbulência inesgotável, todos os dias alimentamos essa turbulência
mental.
Krishnamurti diz que:
vivemos continuamente numa guerra contra a nossa mente, que é o nosso
intelecto. E para entendermos e educarmos a nossa mente temos que buscar
recursos fora da mente. E o maior recurso que todos temos é o AMOR. Mas, o que é o AMOR? Só o amor pode unir as pessoas, e não o pensamento.
Onde há amor, não há grupo, classe, nem nacionalidade, nem religião. Será o AMOR uma coisa da mente? Ele é uma
coisa da mente quando as coisas da mente preenchem o coração: opiniões, ideias,
preconceitos, visões distorcidas da realidade, crenças. Mas o AMOR é muito mais, só pode ser
vivenciado quando o pensamento não está a funcionar, sereno, calmo, dando
permissão ao coração para sentir o amor. O amor
é a resposta para aquietar, serenar a nossa mente, reduzir a nossa ansiedade e
entender a nossa solidão, que não é algo tão ruim quanto se fala. Estar só
é uma oportunidade de encontro consigo mesmo. Quando estamos sós é porque
dissociamos, nos dividimos, perdemos a integração do espírito, da mente, do
corpo e aí surge o vazio. O que temos que fazer não é buscar preencher esse
vazio que nos está a incomodar, mas sim entendê-lo, interpretá-lo, buscar o
seu significado. Só é possível pensar de modo correcto, viver livre e em plenitude
e inteligência, quando há um auto-conhecimento cada vez mais profundo e mais
amplo da pessoa.
Amar
autenticamente é promover a integração.
Apenas o amor e o pensar correcto farão a verdadeira revolução interior.
Precisamos aprender a caminhar pela vida de forma saudável e feliz, nós
merecemos. A solidão assim como a doença pode ser um caminho amadurecido para
uma vida melhor, é preciso termos a coragem de aprender com ela e não apenas
rejeitá-la. LMC