quinta-feira, julho 18, 2013



SOBRE A VIDA, AMOR E A SOLIDÃO


“São os sentimentos e as atitudes que promovem a ajuda, quando expressos, e não as opiniões ou os julgamentos que fazemos sobre a outra pessoa”. Carl Rogers

Sem vida não há ser, sem amor a vida torna-se apenas um lamento amargo existencial e sem compreender a solidão como uma necessidade de encontro silencioso a vida perde o seu sentido.

O ser humano vive a ânsia da vida. Num momento sonha em viver ansiosamente no presente como se fosse perdê-lo. Em outros momentos é escravo do desejo do futuro e esquece que não tem como garantir o amanhã, a não ser esperá-lo pacientemente, serenamente. Estamos a viver uma crise existencial que se repete, entre a ansiedade motivada pelo medo, insegurança e cobrança de todo o tipo de coisas e por um sentimento colectivo de vazio, de solidão, sentir-se só no meio da multidão.

Tudo na nossa vida e na natureza há um sentido sábio, é preciso que passemos a ver com outros olhos aquilo que aparentemente não estamos a conseguir ver devido aos condicionalismos provocados pela normose (normas, crenças e valores sociais que causam angústia e podem ser fatais). Tudo na vida tem razão de ser, uma lógica, um motivo, mas, nem sempre o percebemos. Isso é o óbvio, o génio percebe o óbvio e consegue produzir coisas fantásticas, enquanto que o neurótico não percebe.

O ser humano necessita de um cuidado especial, diferente das máquinas, dos equipamentos tecnológicas… O ser humano vive um eterno conflito entre o desejo de voar e o medo de tirar os pés do chão. O medo de ser alguém que vai incomodar muita gente e o Zé-ninguém desconhecido, que anda deambulando pela vida sem se importar de nada, nem de ninguém.  

Leonardo Boff diz: o ser humano é um ser de desejos, incansável, queremos tudo, queremos viver para sempre, somos protestantes, protestamos contra tudo e todos. Não conseguimos silenciar e acalmar a nossa mente que vive numa turbulência inesgotável, todos os dias alimentamos essa turbulência mental. 

Krishnamurti diz que: vivemos continuamente numa guerra contra a nossa mente, que é o nosso intelecto. E para entendermos e educarmos a nossa mente temos que buscar recursos fora da mente. E o maior recurso que todos temos é o AMOR. Mas, o que é o AMOR? Só o amor pode unir as pessoas, e não o pensamento. Onde há amor, não há grupo, classe, nem nacionalidade, nem religião. Será o AMOR uma coisa da mente? Ele é uma coisa da mente quando as coisas da mente preenchem o coração: opiniões, ideias, preconceitos, visões distorcidas da realidade, crenças. Mas o AMOR é muito mais, só pode ser vivenciado quando o pensamento não está a funcionar, sereno, calmo, dando permissão ao coração para sentir o amor. O amor é a resposta para aquietar, serenar a nossa mente, reduzir a nossa ansiedade e entender a nossa solidão, que não é algo tão ruim quanto se fala. Estar só é uma oportunidade de encontro consigo mesmo. Quando estamos sós é porque dissociamos, nos dividimos, perdemos a integração do espírito, da mente, do corpo e aí surge o vazio. O que temos que fazer não é buscar preencher esse vazio que nos está a incomodar, mas sim entendê-lo, interpretá-lo, buscar o seu significado. Só é possível pensar de modo correcto, viver livre e em plenitude e inteligência, quando há um auto-conhecimento cada vez mais profundo e mais amplo da pessoa. 

Amar autenticamente é promover a integração. Apenas o amor e o pensar correcto farão a verdadeira revolução interior. Precisamos aprender a caminhar pela vida de forma saudável e feliz, nós merecemos. A solidão assim como a doença pode ser um caminho amadurecido para uma vida melhor, é preciso termos a coragem de aprender com ela e não apenas rejeitá-la. LMC