quinta-feira, fevereiro 23, 2012


TEMPO DA QUARESMA

Quaresma significa “quarenta”. São os quarenta dias que precedem a Semana santa. Começa na Quarta-feira de Cinzas e vai até o Domingo de Ramos. Seu objetivo principal é a nossa preparação para a Páscoa do Senhor, “fonte e cume da vida cristã” e de todas as celebrações da Igreja. Em tempos idos era o tempo em que os catecúmenos se preparavam para receber o batismo na Vigília pascal.

A Quaresma é um tempo de graça, um verdadeiro Kairós, tempo da manifestação de Deus. Este tempo tem como característica duas realidades muito importantes: 1. Olhar para Jesus; 2. Conversão.

Neste tempo, somos levados pela Igreja a seguir Jesus em seus últimos momentos de vida para – junto com Ele – aprendermos o que é o amor e a misericórdia. Por diversas vezes, o Senhor vai se revelando como o rosto misericordioso do Pai, assumindo até as últimas conseqüências a vontade do Pai, que é salvar a cada filho. É um caminho de “subida”, não só para Jerusalém, mas até o mais alto grau do amor que se concretiza na cruz.

Jesus, muitas vezes, vai anunciar sua Paixão dizendo que o Filho do Homem deve sofrer muito, ser rejeitado e morto, mas no terceiro dia ressuscitará. Vemos nesses anúncios também o desejo do Senhor de se entregar. Está aí a sua disposição em dar até a própria vida em nosso resgate. Ele não somente falou a respeito do amor que se revela ao dar a vida pelos amigos, mas o fez em sua própria vida. Assim, tornou-se o exemplo mais sublime que devemos seguir para realmente sermos felizes.LMC

sexta-feira, fevereiro 17, 2012


Relação entre Liberdade e Responsabilidade

Nos dias que correm há uma necesidade de procurarmos saber o que na realidade significa: liberdade e responsabilidade. Porquê? Porque hoje estes dois conceitos estão a ser levados à banalidade. Todos querem ser livres, mas sem responsabilidade, sem assumir os seus actos. Assim, para se compreender a relação entre a liberdade e a responsabilidade é necessário, primeiro que tudo, conhecer o que significam estas liberdades e a sua integração no contexto filosófico.

A palavra liberdade tem uma origem latina (libertas) e significa independência. Etimologicamente, a palavra responsabilidade também vem do latim (respondere) e significa ser capaz de comprometer-se.

No senso comum, liberdade é uma palavra que pode ser definida em variados sentidos (liberdade física, liberdade civil, liberdade de expressão…). Filosoficamente, a liberdade, e mais concretamente a liberdade moral, diz respeito a uma capacidade humana para escolher ou decidir racionalmente quais os actos a praticar e praticá-los sem coacções extremas. É de carácter racional, pois os homens devem pensar nas causas e consequências dos seus actos e na sua forma e conteúdo. Esta liberdade não é absoluta, é condicionada e situada. Condicionada porque intervêm no seu exercício múltiplas condicionantes (físicas, psicológicas…). Situada porque se realiza dentro da circunstância, mundo, sociedade em que vivemos. Todas as nossas acções são fruto das circunstâncias e das nossas próprias características. É também uma liberdade solidária, porque cada um de nós só é livre com os outros, visto que não vivemos sozinhos no mundo. A liberdade humana (pode chamar-se assim porque é de carácter racional e, logo, exclusiva dos homens) reside em se poder dizer sim ou não, quero ou não quero. Nada nos obriga a ter apenas uma alternativa. O exercício da liberdade exige reflexão e, logo, tempo. Por isso, a reacção é diferente da acção, visto que a primeira é imediata face a um estímulo.

A responsabilidade moral é, por sua vez, uma capacidade, e ao mesmo tempo uma obrigação moral, de assumirmos os nossos actos. É reconhecermo-nos nos nossos actos, compreender que são eles que nos constroem e moldam como pessoas. A responsabilidade implica que sejamos responsáveis antes do acto (ao escolhermos e decidirmos racionalmente, conhecendo os motivos da nossa acção e ao tentar prever as consequências desta), durante o acto (na forma como actuamos) e depois do acto (no assumir das consequências que advêm dos actos praticados).

A liberdade e a responsabilidade estão tão ligadas na medida em que só somos realmente livres de formos responsáveis, e só podemos ser responsáveis se formos livres.


A responsabilidade implica uma escolha e decisão racional, o que vai de encontro à própria definição de liberdade.

Por outro lado, se não agirmos livremente, não podemos assumir totalmente as consequências dos nossos actos, visto que as circunstâncias atenuantes seriam muito fortes. Só o sujeito que é capaz de escolher e decidir racionalmente, com consciência, é capaz de assumir as causas e as consequências da sua acção.

Além disso, a liberdade e a responsabilidade são parâmetros essenciais na construção de um indivíduo como pessoa, visto que é através da liberdade e da responsabilidade que um sujeito é capaz de se tornar efectivamente autónomo. LMC