AINDA E SEMPRE O SILÊNCIO
Já lá vai o tempo em que o silêncio era ouro.
Hoje, na época dos ruídos metalizados, nem a mais reles lata se associa ao silêncio. Fala-se, sem rodeios, do silêncio da lei, estrema-se a linguagem quando se diz que há um silêncio sepulcral e achincalha-se um oponente quando se afirma que se reduziu o fulano ao silêncio. Mas voltando ao principio.
Ao silêncio desfrutado, como ao silêncio que transporta respeito. Pelo outro e por cada um. É necessário reabilitar o silêncio que nos oferece tempos de expressão lhana, cristalina, límpida de nos exprimirmos e de nos sentirmos ser.
Convida-nos à profilaxia da introspecção, aproxima-nos na selecção do que não é silêncio.
A natureza gosta do silêncio sem adereços, porque o silêncio é a forma serena de se adormecer e o modo suave de se acordar. A neve vai no silêncio.
A alvura é o silêncio majestoso das cores na sua plena união. O nascer e o pôr-do-sol convidam à serenidade do silencio. O silêncio é o dia cedo, como contraponto da noite tarde.
No princípio certamente era o silêncio, no fim o silêncio será na eternidade entre o princípio e o fim. Não é o silêncio que nos aproxima da morte o mesmo que escutamos no ventre materno usufruindo da sua plenitude prenhe d amor?
O silêncio é o eco da nossa existência agora e o som da nossa não existência amanhã. O silêncio não acaba porque não tem medida, nem tempo.
Como tal, o silêncio é eterno e existe para além de nós, na imensidão do universo e na compreensão de Deus. E Deus ama o nosso silencio que lhe é oblado na quietude do tempo e na serenidade o encontro. LMC
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