A história actual da humanidade!
Ver os telejornais ou escutar os noticiários é, com
frequência, uma experiência que nos intranquiliza e que nos deprime. Os dramas
dessa aldeia global que é o mundo entram em nossa casa, sentam-se à nossa mesa,
apossam-se da nossa existência, perturbam a nossa tranquilidade, escurecem o
nosso coração. A guerra, a opressão, a injustiça, a miséria, a escravidão, o
egoísmo, a exploração, o desprezo pela dignidade do homem atingem-nos, mesmo
quando acontecem a milhares de quilómetros do pequeno mundo onde nos movemos
todos os dias. As sombras que marcam a história actual da humanidade tornam-se
realidades próximas, tangíveis, que nos inquietam e nos desesperam. Feridos e
humilhados, duvidamos de Deus, da sua bondade, do seu amor, da sua vontade de
salvar o homem, das suas promessas de vida em plenitude. A Palavra que hoje nos
é servida abre, contudo, a porta à esperança. Reafirma, uma vez mais, que Deus
não abandona a humanidade e está determinado a transformar o mundo velho do egoísmo
e do pecado num mundo novo de vida e de felicidade para todos os homens. A
humanidade não caminha para o holocausto, para a destruição, para o sem
sentido, para o nada; mas caminha ao encontro da vida plena, ao encontro desse
mundo novo em que o homem, com a ajuda de Deus, alcançará a plenitude das suas
possibilidades. Quem acredita convictamente de que Deus tem um projecto de vida
para o mundo, têm de ser testemunhas da esperança. Eles não lêem a história
actual da humanidade como um conjunto de dramas que apontam para um futuro sem
saída; mas vêem os momentos de tensão e de luta que hoje marcam a vida dos
homens e das sociedades como sinais de que o mundo velho irá ser transformado e
renovado, até surgir um mundo novo e melhor. Para o cristão, não faz qualquer
sentido deixar-se dominar pelo medo, pelo pessimismo, pelo desespero, por
discursos negativos, por angústias a propósito do fim do mundo… Os nossos
contemporâneos têm de ver em nós, não gente deprimida e assustada, mas gente a
quem a fé dá uma visão optimista da vida e da história e que caminha, alegre e
confiante, ao encontro desse mundo novo que Deus nos prometeu. É Deus, o Senhor
da história, que irá fazer nascer um mundo novo; contudo, Ele conta com a nossa
colaboração na concretização desse projecto. A religião não é ópio que adormece
os homens e os impede de se comprometerem com a história… Os cristãos não podem
ficar de braços cruzados à espera que o mundo novo caia do céu; mas são
chamados a anunciar e a construir, com a sua vida, com as suas palavras, com os
seus gestos, esse mundo que está nos projectos de Deus. Isso implica, antes de
mais, um processo de conversão que nos leve a suprimir aquilo que, em nós e nos
outros, é egoísmo, orgulho, prepotência, exploração, injustiça (mundo velho);
isso implica, também, testemunhar em gestos concretos, os valores do mundo novo
– a partilha, o serviço, o perdão, o amor, a fraternidade, a solidariedade, a
paz. Que esta palavra agora e aqui deixada sirva para viveres melhor neste
mundo, que é o nosso mundo, cheio de esperança, acredita nele, porque Deus
acredita em ti…LMC
Teilhard de Chardin: “O progresso do Universo, e especialmente do Universo humano, não é uma
concorrência feita a Deus, nem um esbanjar vão das energias que ele nos deu.
Quanto mais o Homem for grande, tanto maior a Humanidade será unida, consciente
e senhora da sua força, – quanto mais bela for a Criação, tanto mais a adoração
será perfeita, tanto mais Cristo encontrará, para acrescentamentos místicos, um
Corpo digno de ressurreição.”
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